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Meditação da mudança de endereço

10 ago

Fazer mudança de endereço pode dar um frio na espinha de muita gente. Sair da nossa zona de conforto, preparar todos os detalhes que envolvem destituir sua vida de um lugar e construir em outro, definitivamente é um teste de o quanto somos apegados a nossas coisas materiais e o quanto estamos preparados para lidar com a impermanência de tudo na vida.

Já sabendo minha tendência de caracol e levar tudo que tenho sempre comigo (que digam minha pesadas malas em qualquer viagem e a promessa em vão de ser mais criteriosa da próxima vez), não hesitei em chamar por ajuda. Minhas querida amigas Biu e Tracy vieram ao resgate e me ajudaram com boa parte do empacotamento. Mas outra parte muito importante foi, antes de botar a mão na massa, contar com a expertise da incrível Milena Borges e seus dotes de personal organizer.

Ela veio aqui em casa e deu uma boa olhada em tudo que tenho e queria levar comigo, e com precisão e critério, foi me ajudando a me livrar do excesso de bagagem na minha mudança de Nova Iorque de volta para o Brasil.

Eis aqui umas boas dicas que me ajudaram a me concentrar no essencial e não sentar e chorar diante da montanha de coisas para empacotar:

  • Planejei a distribuição de pesos entre as caixas e malas. Eu tenho muitos livros e isso pesa muito. Então distribui eles entre as várias caixas na parte de baixo, para criar uma base estável para os objetos menores ou mais delicados acima e no meio da caixa.
  • Usei roupas, lençóis, toalhas, travesseiros, almofadas que eu já iria levar como ‘amortecedores de impacto’, nas laterais, no topo e na base da caixa/mala,  entre os espaços que sobram entre os objetos, ou embalando-os.
  • Utilizei o espaço interior de objetos ocos para encaixar objetos menores, mais delicados. As minhas botas foram perfeitas pra isso, pois não somente usei esse espaço normalmente inutilizado como ajudo a conservar a forma delas durante o transporte.
  • Antes de começar qualquer empacotamento, avaliei primeiro tudo que possuo e dividi em 3 categorias: o que não serve para mais nada e vai pro lixo/reciclagem, o que vou doar/vender, o que vou efetivamente levar. Nesta avaliação, refliti bem o quanto eu investi no objeto, qual seu estado de conservação, se ele é exclusivo ou se eu posso adquirir novamente com facilidade, quão prático é e quanto vou gastar para transportá-lo.

Nessa hora, minha meditação foi se eu realmente precisava daquele objeto no curto prazo e como ele me servia até então. Percebi que eu tinha duas reações interessantes: apego a objetos que já estavam gastos e deteriorando e que eu não queria abrir mão, e apego a objetos que eu quase nunca usei e que tem valor/status. Em ambas as situações a melhor resposta foi deixar ir.

No final das contas, fazer mudança é um rito de passagem, e por isso temos que passar por uma limpeza tanto exterior quanto interior para abrirmos espaço para as novas coisas e experiência que virão em nossas vida. Sinto-me literalmente mais leve depois disso.

Deseje-me boa viagem.